domingo, 26 de setembro de 2010

Condenados a bela vida !


O circo estava repleto 
O que tinha de seleto lá da vila se via 
O bilheteiro contente 
Alegre, sorridente, a todo o povo atendia.


O sino com voz sonora 
Toca já sem demora, toca pedindo atenção 
Os assistentes se endireitam nos assentos 
Para assistir a função.


A quando a musica rompia 
O palhaço recebia um telegrama cruel 
E já pronto, já pintado 
O pobre mudo, acabrunhado leu o lacônico papel.


Dizia mui simplesmente: 
Ontem morreu de repente, nossa mãe deusa chamou 
Os seus olhos de palhaço 
Perderam-se os alegres traços e de lagrimas se inundou.


E o povo de espaço em espaço gritava: 
Encena, encena palhaço, vem a ele fandegar 
O pobre enxugando o pranto 
Salta lá do seu canto e entre na arena a cantar.


E dentro da arena 
Alegre fazendo cena mal dizia a sua sorte 
Me perdoe mãe querida 
Sou forçado pela vida a sorrir da sua morte.


E mal para dentro entrava 
O palhaço de novo chorava sem poder se consolar 
Oh, mãe querida velhinha 
Vês que triste sina é a minha, nem por ti posso chorar.


É assim a vida do artista 
Para que a platéia assista com prazer sua função 
Entra o palhaço escondendo desgosto, 
Trazendo riso no rosto e o pranto no coração.



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